Desculpa. Não sei bem do quê. E não te dês ao trabalho de me perguntar o porquê. Sabes que sempre fui de meias palavras. Sempre te disse mais do que aquilo que tu lês. E que quase tudo o que te digo tem um duplo significado que eu ainda espero que percebas. É, é isso. Eu acho que no fundo ainda espero que tu me entendas. Mas lá estou eu de novo com esta minha mania de divagar e perder o sentido. Essencialmente desculpa-me por te agarrar nos momentos errados e te largar nos certos. É a minha mania de fazer tudo ao contrário. Não, não interpretes mal, eu nunca te larguei por completo e eu nunca seria capaz de te deixar cair sem ir junto. Eu apenas fico à espera que venhas tu atrás. E tu vens. Ou melhor, aos meus olhos, tu vens. Porque às vezes basta uma palavra tua – que eu até aposto que as dizes sem nem sequer pensar nisso – e eu volto a agarrar-te com todas as minhas forças. Oh! E voltei a divagar. Este texto tinha o intuito de ser um pedido de desculpas mas pareço estar sempre a fugir ao assunto. Acabou de me passar pela mente um motivo para que isso aconteça. E se apenas estou a fugir ao tema porque simplesmente não tenho nada de que me desculpar? Oh, tu sabes meu amor, tu sabes que também é mania minha pedir desculpa mesmo quando tenho razão. O medo de te perder sempre foi maior do que qualquer coisa. E acho que é mesmo o medo que te leva tantas vezes de mim. É tanto o medo e são tantas as vezes que eu tenho a certeza de que foste embora da minha vida que eu nem sei. Mas eu cansei-me tanto destas certezas que no fundo são incertezas para o meu coração. Cansei-me tanto. Oh, tu desculpa-me. Vês? Lá estou eu outra vez a pedir-te desculpa. Talvez eu o faça demasiadas vezes porque em tantas alturas faltou um da tua parte. E isso doía tanto, sabes? Tanto. Tanto que não quero que doa em ti do mesmo modo. E tu sabes que eu sempre cuidei de ti o melhor que eu soube. Eu só precisava que tivesses feito o mesmo por mim. Mas tu nunca tentaste fazê-lo e agora eu sinto-me sem forças.

Desde o início que te queria pedir desculpa. Já não vale a pena fugir ao assunto, não é? É que hoje fiz uma coisa que te tinha dito que não voltava a fazer. Aquela que tu já tantas vezes fizeste. Sei que irás entender. Desculpa-me por desta vez ter sido eu a fraquejar, está bem?

Da sempre tua, C.