(...) and then, you broke my heart.

Estou tão vazia. Nem sequer sei que te escrever. Gostava de arranjar coragem e dizer-te que li aquilo e que isso me partiu (novamente) o coração. Talvez não só o coração, porque sinceramente dói-me tudo. As poucas forças que me restam são usadas para engolir as lágrimas, com muito esforço. (Bem, parece que as minhas forças acabaram, porque já sinto as lágrimas a escorrer.)

Se já não significo nada para ti, porque continuas a falar comigo todos os dias? Juro que não te percebo. E eu tento tanto para te perceber. Sempre tentei compreender-te e houve um tempo em que eu conhecia tudo de ti. Lembraste, meu amor? Sinceramente, eu nunca serei capaz de o esquecer, foram sem dúvida os melhores tempos que eu já tive na vida. Falo como se tudo tivesse ficado no passado, mas quem quero eu enganar? Ainda está tudo tão entranhado em mim, tão presente em tudo o que eu faço. Se já se passaram vinte e tal meses e eu continuo tão presa a ti, como me conseguirei libertar? Como conseguirei arranjar uma saída e largar-te definitivamente a mão? Eu sei que preciso de ser eu a dar o primeiro passo, mas, no que toca a ti, parece que nem sequer aprendi a gatinhar.

Não espero que (me) compreendas. Afinal, ninguém o parece fazer. Nunca vi ninguém ser afectado desta maneira por causa de uma simples amizade. Mas não sei como o evitar. Eu que sempre fui a forte, eu que sempre fui aquela que era capaz de passar por tudo sozinha, sem nunca precisar de alguém ao meu lado. Queres saber um segredo, meu amor? Isso nunca foi verdade. Eu nunca fui forte e se havia/há algo de que sempre fui dependente, foi de amizades. Talvez por isso elas pareçam acabar sempre por se desgastar, talvez por isso tenha convivido sempre lado a lado com a solidão pois nunca consegui ter para ninguém a importância que os outros conseguiam/conseguem ter para mim. Eu apenas conseguia esconder sempre tudo ao ponto de nunca ninguém notar que eu estava no fundo do poço. E ainda hoje funciona assim. Eu apenas me descuidei num período curto de tempo e foi aí que tu entraste em cena e aproveitaste esse descuido para ultrapassar aquela barreira invisível que eu impunha a toda a gente. Foste a única que o conseguiu fazer, sabias? Foste quem conseguiu chegar mais perto de mim, do verdadeiro 'eu'. E, por isso, pensei mesmo que podia contar contigo para o que desse e viesse, mas não foi bem assim.

Eu sei que tu achas que eu fiz tudo ao contrário, sei que achas que eu gozei contigo e com coisas que só a ti te diziam respeito. Sabes o que é que isso me mostra? Que afinal tu nunca me conheceste minimamente. Mas não tem importância, não é? Serviu para eu ver o quão facilmente me expulsaste do teu coração, mesmo sem eu ter saído da tua vida. (Apesar de não saber de que serviu saber isso.)

Eu nem sei se esperas que desta vez eu corra atrás de ti ou não, nem eu sei o que quero agora. Só sei que neste tempo todo lutei demasiado por ti e não me lembro de ter recebido algo em troca. Sabes o que é que isso diz sobre nós? Nada. Nada mesmo, porque já há muito tempo que não existe um nós e eu tenho medo de descobrir que ele só tenha existido na minha cabeça.

O que me custa é saber que sempre tentei tirar-te todas as dores que tivesses no coração, tentei sempre resolver todos os problemas que tivesses de ultrapassar na tua vida, construir pontes para ultrapassares os obstáculos que a vida te impunha e que, mesmo assim, tu nunca me tenhas dado nenhum valor. Deves ter-te habituado demasiado a eu fazer tudo por ti, sem teres de fazer nenhum esforço. Ou não. Já nem sei. E tu já não confias minimamente em mim, já nem reconheço a confusão que sempre tiveste dentro da tua cabeça, já desconheço as novas cicatrizes que transportas no peito. (ou nos pulsos, não é?)

Talvez devesse esquecer-te. Mas não sei como. Talvez não dê.

Eu nem sei como consigo preferir estar na tua companhia e saber que nada que tenha a ver contigo me pertence de maneira nenhuma do que estar sem ti sabendo que isso nem sequer te deve afectar. Sinto que não faz sentido nenhum, mas nunca tive a capacidade de alterar o que sinto, eu nunca soube desapegar-me das pessoas como toda a gente o parece saber fazer. Não o nasci sabendo e parece que está meio difícil de aprender. Mas eu tenho que acreditar que conseguirei largar-te a mão, que eu irei ser forte o suficiente para o fazer. Essa esperança é tudo em que posso acreditar no que toca a ti. Também podes acreditar que dê por onde der, eu arranjarei força, não para te expulsar da minha vida, mas para ser capaz de estar ao teu lado e isso não me revolver as entranhas e me prender a respiração.

Mas isso na verdade não importa. Talvez nunca tenha importado. Porque eu continuo a sentir-me tão vazia como me sentia, eu continuo a amar-te como te amava e eu continuo a sentir que me deste toda a esperança do mundo, e depois me partiste o coração.